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MEU VIOLÃO

Meu violão’.

Vem chorar comigo, violão

Vem sentir o que meu peito sente

E dissipar com o teu trinar dolente

Toda a tristeza do meu coração.

 

Vem chorar comigo

Compartilhar dos meus dissabores

Nas alegrias, sentimentos, dores,

Tu és sempre o confidente amigo.

 

Contigo ao peito, violão querido,

Eu canto à vida e desafogo as mágoas

Tenha, quiçá, os olhos rasos d’água

Ou sinta a dor de um coração ferido.

 

Assim unida minha voz à tua

Sentada, às vezes, fora, na calçada

As melodias deixam-me empolgada

Num devaneio ao clarão da lua.

 

 

 

O mar e o lago

Águas revoltas, mar encapelado,

Abismo... imensidão...

Murmúrio de vagas ondulantes

Incessantes...

 

Poema de amargor

Ventura delirante

do meu tempestuoso

Primeiro grande amor.

 

Amar, sofrer, chorar,

Angústia de querer

De perder alguém,

E ter que esperar.

 

Que o tempo...

Médico amigo e caridoso

Venha piedoso

O lacerado coração cicatrizar.

 

Face lisa e espelhante

De águas tranquilas,

- O contraste das vagas marulhantes.

 

Lago azul, profundo, de águas mansas

Um poema de paz e de esperanças

 

Mirei-me no espelho dos teus olhos

E a fé adormecida reviveu.

Intenso, grandioso, sem escolhos

Um novo amor nasceu,

Cresceu, viveu e perdura

- Amor, só com amor tem cura.

 

Reveses (1944)

És meu sonho, meu ídolo, meu tesouro,

Tudo que existe de belo e sedutor;

Manancial perene, imorredouro,

Deste meu grande, imensurável amor.

 

Também me amaste (isto foi outrora)

Sequioso e ávido de felicidade.

Tudo passou, só me resta agora

Fundo pesar e divinal saudade.

[...]

 

Desilusão

Sonhos primaveris... ânsias de amar

A transbordar-me o seio palpitante

E a nave da esperança a velejar

Nas vagas da ilusão... porto distante.

 

Chegaste, enfim! Amei e fui querida

Era o nosso amor um sonho de venturas!

Suprema aspiração de minha vida

Isento de maldade, pleno de doçuras!

 

Depois partiste. E em doridos prantos

Fiquei. E a dor, eterna companheira,

Me vem seguindo em todos os recantos.

 

Saudade - espinho de pungente ação!

E bem longe de ti, vivo sofrendo

A desventura cruel desta Ilusão!

 

 

 

 

 

Amor de mãe

O amor maternal, desabrochado

Antes mesmo do filho ter nascido

E cresce junto a ele sempre unido

É um legado do céu à mãe doado.

 

Ver feliz o filho idolatrado

É da mãe o desejo encarecido

Tudo enfrenta com empenho desmedido

Não recua ante o êxito almejado.

 

Anjo custódio, anjo de bondade,

Alma de escol! Força, simplicidade

No nobre desempenho da árdua missão.

 

Mãe! Sublime, abnegada criatura

Sempre a doar-se com mansidão e ternura

"Os filhos são raízes do seu coração".

O MAR E O LAGO

DESILUSÃO

AMOR DE MÃE

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