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IGNES SOUSA

O mês de janeiro assinala no calendário a passagem de duas datas relacionadas à poetisa, cronista e memorialista Ignês Sousa Pereira: seu nascimento, dia 21, e sua morte, no dia 05.

Seu lamentável desaparecimento se deu numa 5ª feira. Seriam 94 anos de uma frutuosa existência em favor do próximo, da Igreja e da bela arte do uso da pena, pois Ignês Sousa escrevia como ninguém, apesar de seu parco estudo, limitado às séries iniciais do antigo curso primário.

No dizer de Chiquinho Cazuza, era “uma alma simples e sensível, agraciada [...] com o dom da poesia”, fazendo versos com “a espontaneidade da água que jorra da pura fonte”.

Foi, aliás, Chiquinho que a tirou do anonimato, publicando desde o jornal O Progressista de Altos e depois continuando no seu jornal O Altoense e na revista de mesmo nome boa parte dos escritos daquela grande mestra da nossa poesia.

Repetidas vezes algumas administrações municipais disseram, em público, que iriam fazer a publicação de seu trabalho literário. Nenhuma, porém, efetivou a promessa.

Como eminente reserva cultural de nossa cidade, foi Ignês a primeira personalidade de nossa urbe a ser agraciada com a Comenda do Mérito Honório Barbosa, honraria criada pela Câmara Municipal de Altos, destinada a homenagear “todos os profissionais da educação e cultura: professores, poetas, historiadores e pessoas que estão individualmente ligadas a estas atividades” (Projeto de Decreto Legislativo nº 023/98, de 24.11.1998, de autoria do Vereador e Presidente da Câmara, Anísio Ferreira Lima Neto).

No segundo artigo, está consignado que “o agraciado deve ter colaborado para o engrandecimento da cultura e educação altoense, elevando o nome do município de forma comprovada e justificada”.

E assim o fez nossa estimada Ignês, com muito orgulho, zelo e amor. Justíssima homenagem.

A solenidade de entrega ocorreu em 12 de dezembro do mesmo ano de 98, no auditório do Fórum Desembargador Odorico Rosa, tendo ela recebido a placa das mãos de Berilo Barbosa, filho de Honório e representante da família. Na insígnia, estavam incrustados os seguintes dizeres: “A Câmara Municipal de Altos concede esta Comenda do Mérito ‘Honório Barbosa’ à Poetisa Ignês Sousa, pelos relevantes serviços prestados à Cultura altoense”.

 Seu bom e velho amigo Chiquinho Cazuza fez o discurso de apresentação da homenageada, acentuando o acerto da Casa Legislativa em escolher o nome de Ignês e destacando sua atuação no resgate da memória histórica da cidade e na poesia local.

Textualmente, disse Chiquinho em seu discurso que: “as gerações mais novas talvez não saibam quem é Ignês Sousa.

Trata-se de uma pessoa simples e modesta. Não gosta de se sobressair, preferindo ficar no anonimato. Apesar de sua resistência, hoje é conhecida através do Dicionário de Escritores Piauienses de Adrião Neto”.

Muito encabulada, agradeceu em simples e comovidas palavras, externando excessiva modéstia e nem de leve se deixou contagiar pela vaidade da ocasião. Aliás, simplicidade e carisma lhe eram até apanágios.

No dia 21 de janeiro de 1999, precisamente a data de seu aniversário de 80 anos, circulou uma edição especial do jornal O Altoense, em papel especial, durável, diferente. Foi uma publicação especialmente preparada por Chiquinho Cazuza, Kiko Fontenelle e este escriba para homenagear nossa poetisa maior.

AUTOR Historiador Carlos dias

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